Redução da burocracia promete agilizar processo, mas segurança no trânsito segue em debate

Goianésia- Mais de 20 milhões de brasileiros dirigem atualmente sem carteira de habilitação. Somente entre janeiro e setembro deste ano, foram registradas quase 800 mil infrações por dirigir sem a CNH, segundo dados do Ministério dos Transportes. Para enfrentar esse cenário, o governo federal propôs um novo modelo de habilitação, com menos burocracia e custo até 80% mais baixo que o atual. O projeto está em consulta pública até o dia 2 de novembro e promete tornar o processo mais acessível e inclusivo.

Para muitos, a proposta representa uma chance real de conquistar o documento de forma mais rápida e com menos impacto financeiro. A moradora de Goianésia, Letícia Coelho, acredita que a medida pode ajudar quem já dirige sem habilitação por falta de recursos. “Na minha opinião, seria bom e também ruim. Seria bom porque reduziria o valor a ser pago e permitiria tirar a carteira mais rápido. Tem gente que já sabe dirigir, mesmo sem habilitação, e poderia regularizar sua situação. Mas também seria ruim para quem nunca dirigiu e não tem ninguém para ensinar. Como essa pessoa vai aprender?”, questiona.

Em cidades como Goianésia, onde o custo médio para obtenção da CNH categoria B ultrapassa R$ 3 mil, o novo modelo pode representar uma economia significativa. No entanto, proprietários de autoescolas estão preocupados com os possíveis impactos econômicos, já que a obrigatoriedade das aulas pode ser reduzida, o que afetaria diretamente o volume de matrículas.

Arthur Bernutiz alerta que a diminuição das aulas pode comprometer a segurança no trânsito. “Não só em Goianésia, mas em todo o Brasil ocorrem muitos acidentes por falta de noção e de experiência. A autoescola é essencial para ensinar direção defensiva, o manuseio correto do carro, e até noções básicas de mecânica. Sem contar que o instrutor acompanha o aluno por um bom tempo, o que é importante para quem nunca teve contato com a direção. É claro que o custo precisa ser revisto. Talvez a saída seja reduzir impostos, mas não eliminar a formação prática”, afirma.

Segundo o governo, a intenção é ampliar o acesso à CNH sem comprometer a qualidade da formação dos condutores. Em municípios como Goianésia, onde o número de veículos cresce ano após ano, especialistas defendem que qualquer mudança precisa ser acompanhada de rigor nas avaliações teórica e prática, garantindo que o processo continue formando motoristas qualificados e conscientes.