Goianésia- O infarto, tradicionalmente associado a pessoas mais velhas, tem se tornado uma preocupação crescente também entre os jovens. Nos últimos anos, médicos e pesquisadores vêm observando um aumento expressivo de casos em pessoas com menos de 40 anos, um reflexo direto do estilo de vida moderno e de hábitos pouco saudáveis que se tornaram comuns nessa faixa etária.
De acordo com dados do Ministério da Saúde, as internações por infarto entre jovens cresceram cerca de 150% entre os anos 2000 e 2024. A taxa passou de menos de dois para quase cinco casos a cada 100 mil habitantes com menos de 40 anos. O aumento é ainda mais acentuado entre pessoas de 35 a 39 anos, grupo que registrou o dobro de hospitalizações nas últimas duas décadas.
A cardiologista Mariana Carla chama atenção para a importância de reconhecer os primeiros sinais de alerta, que muitas vezes é erroneamente chamado de “pré-infarto “O termo correto é angina instável, que ocorre quando há uma obstrução parcial das artérias, causando dor torácica, mas ainda sem danos ao tecido cardíaco. Os principais sinais de um possível infarto incluem dor no peito, que pode irradiar para a mandíbula, pescoço e parte interna do braço esquerdo. Esses sintomas podem vir acompanhados de náuseas, vômitos e durar cerca de 30 minutos. O que diferencia a angina instável do infarto é justamente a ausência de necrose no músculo cardíaco, que só ocorre quando há obstrução total da artéria”, explica.
A médica reforça que o acompanhamento preventivo deve ser adaptado à fase da vida e ao perfil de risco de cada paciente. “É fundamental tomar os medicamentos corretamente, manter a prática regular de atividades físicas, consultar o médico anualmente e realizar exames de sangue de rotina. Para os homens, os casos tendem a aumentar a partir dos 40 anos; para as mulheres, a incidência cresce a partir dos 50, quando entram na menopausa e perdem a proteção hormonal natural, o que eleva o risco cardiovascular.”
Segundo Mariana, o infarto ocorre quando há uma obstrução das artérias coronárias, geralmente provocada pela aterosclerose, o acúmulo de gordura nas paredes dos vasos ao longo da vida, o que aliado a outros fatores, pode aumentar a formação de coágulos e levar à interrupção do fluxo sanguíneo para o coração. Quando essa obstrução é total, há infarto. Quando é parcial, trata-se da angina instável.
Especialistas são unânimes ao afirmar que o aumento dos casos entre jovens tem forte relação com o estilo de vida moderno. A rotina cada vez mais estressante, a alimentação rica em produtos ultra processados, a falta de atividade física, o sono irregular e o uso de substâncias como nicotina e esteroides anabolizantes formam um cenário de alto risco para a saúde cardiovascular.



