Restruturação histórica de R$ 3,5 milhões visa preservar a arquitetura colonial de Goiás

Goianésia - A Secretaria de Cultura de Goiás (Secult) iniciou as obras de restauração e requalificação da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em Jaraguá. Com um investimento de R$ 3,5 milhões do tesouro estadual, a previsão é que os trabalhos sejam concluídos em fevereiro de 2025. O projeto inclui a restauração da cobertura, revisão das paredes e revestimentos internos e externos, além da recuperação dos pisos, como o tabuado de madeira e pedra de Pirenópolis.

Durante as intervenções, uma descoberta importante chamou a atenção: mais de 90 ossadas de escravos foram encontradas no local. O arquiteto responsável pela obra, Lucas Araújo, explica a relevância de preservar os detalhes históricos da igreja: “Ela tem mais de 250 anos, é um trabalho mais minucioso, que depende de um cuidado especial. Estamos lidando com um edifício histórico, cuja arquitetura não se faz mais, e o trabalho exige muito profissionalismo e dedicação."

Construída em 1776, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos foi tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em 1960 e é a terceira igreja a ser edificada em Jaraguá, pela irmandade de negros de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. Ao longo dos séculos. Durante as escavações, também foram encontrados cacos cerâmicos, metais e medalhas, que serão encaminhados para instituições de guarda.

Lucas Araújo ressalta a importância de valorizar e preservar a história dos negros e escravos de Goiás. “Aqui em Goiás, houve um apagamento da história dos negros. Igrejas como a de Pirenópolis foram demolidas, e as únicas igrejas em pé, que continuam em devoção aos negros, são a Igreja Santa Efigênia, em Niquelândia, e a Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, em Jaraguá.”

A Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos se destaca na cidade pela sua localização privilegiada, implantada em um terreno em aclive, no centro de uma praça e cercada pela serra de Jaraguá. Sua arquitetura segue o estilo da época da mineração em Goiás e seu interior é rico em bens artísticos, como o altar-mor, o forro da capela-mor, o altar lateral, o arco cruzeiro, o púlpito e o coro. Com a restauração, o objetivo é garantir que essa história, carregada de significados e simbolismos, continue viva para as futuras gerações.