Goianésia – O ex-ministro da agricultura, Alysson Paolinelli, morreu nesta quinta-feira (29/06), aos 86 anos, no Hospital Madre Teresa, em Belo Horizonte (MG). Natural de Bambuí (MG), Paolinelli foi um visionário e um dos principais responsáveis pelo desenvolvimento da agricultura brasileira. Ele foi líder da revolução agrícola tropical sustentável, que transformou o país em potência agroalimentar e criou horizontes para a segurança alimentar mundial. Pedro Abel, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e conselheiro do Fórum do Futuro, um dos projetos articulados pelo ex-ministro, aponta que Paolinelli conseguiu tornar o país destaque no agro e nas pesquisas.
"O ministro Alysson Paolinelli não dividia, e ele somava. Ele tinha uma capacidade de catalisar as pessoas ao seu redor, ao redor das suas ideias. Contrariando o Guimarães Rosa, que o Cerrado era uma terra improdutiva, ele viu no Cerrado uma oportunidade para o Brasil. Hoje o Brasil é uma potência estratégica e ambiental de alimentos para a humanidade e essa, foi a visão do ministro lá quando ele ainda era professor da da Universidade Federal de Veladas e se o Brasil é o que é hoje, uma potência agrícola em uma potência ambiental, o Brasil deve isso especialmente ao ministro Alysson Paolinelli", relata.
Além de suas realizações no campo político, Paolinelli também foi reconhecido internacionalmente. Seu trabalho incansável no estudo do potencial agrícola do Cerrado e seus esforços para promover a segurança alimentar e o desenvolvimento sustentável foram premiados, sempre priorizando a ciência e a tecnologia. Ele estruturou a Embrapa e implantou um ousado programa de bolsas de estudo para mestrado e doutorado nas melhores universidades de Ciências Agrárias do mundo.
Além disso, ele criou o Programa de Desenvolvimento dos Cerrados, com novos mecanismos de política agrícola, levando infraestrutura e tecnologia para a produção de alimentos. Otávio Lage de Siqueira Filho, diretor presidente da Jalles, também frisa a importância de Paolinelli para a segurança alimentar e pesquisas no país.
"Ele teve um papel muito importante como um jovem ministro da agricultura e que teve a iniciativa de criar a Embrapa. Resultado de pesquisa não aparece imediatamente, aparece com o tempo. Estamos vendo hoje aí o progresso que o Brasil teve na produção de grãos, a nível mundial, abastecendo o mundo, né? E isso se deve muito ao que ele fez lá atrás, com a criação da Embrapa, as pesquisas que foram feitas, os investimentos que foram feitos em abertura de novas áreas e práticas conservacionistas de recuperação de pastagens, de adubação, correção de solo com calcário. Foram coisas que foram feitas lá atrás, através principalmente da Embrapa e que foi difundida a nível Brasil e com isso, o Brasil aumentou a produção, aumentou a produtividade", conta.
Indicado ao prêmio Nobel da Paz em 2021 e 2022, foi criada a Rede Paolinelli, que reuniu instituições do mundo acadêmico e do agronegócio com o propósito de coordenar e estimular o engajamento na indicação do ex-ministro da agricultura ao prêmio. Desde 2022, Paolinelli estava como presidente executivo da Associação Brasileira dos Produtores de Milho (Abramilho).
