O Ministério Público de Goiás (MP-GO) manifestou interesse em recorrer da sentença

Goianésia - O delegado Kleyton Manoel Dias foi absolvido pela Justiça das acusações de dirigir sob efeito de álcool e estuprar uma miss trans, que na época tinha 23 anos, em Goiânia. A decisão judicial considerou que as provas apresentadas não foram suficientes para comprovar os crimes.

De acordo com a sentença, embora existam indícios de que houve uma relação sexual, o juiz não conseguiu estabelecer com clareza se o ato foi consensual ou violento. “Há elementos para indicar que houve uma relação consentida; porém, ainda que um pouco menos fortes, também há elementos que se inclinam para a prática de violência sexual”, afirmou o juiz.

No caso da embriaguez ao volante, a decisão apontou que, apesar da confissão do delegado sobre o consumo de duas doses de whisky, não havia provas suficientes para confirmar que tal consumo configurou um crime.

O Ministério Público de Goiás (MP-GO) manifestou interesse em recorrer da sentença, buscando reverter a decisão de primeira instância. Segundo Cristiano Lustosa, advogado assistente de acusação, “a decisão do magistrado não corresponde às provas apresentadas, e o MP-GO está determinado a buscar justiça nas instâncias superiores” (leia a nota completa ao final da reportagem).

A Polícia Civil de Goiás (PC-GO) ainda não foi notificada oficialmente sobre a decisão.

Contexto do Caso

O incidente ocorreu na madrugada de 5 de janeiro. Segundo a denúncia, a miss estava em uma boate na capital para uma festa, onde o delegado também era um dos convidados. Após a festa, Kleyton ofereceu uma carona para a jovem e uma outra mulher. Após deixar a primeira passageira em casa, o delegado teria levado a miss para o porta-malas do carro, onde, segundo a vítima, ocorreu o estupro. O delegado nega a acusação, afirmando que a relação sexual foi consensual e iniciada pela jovem.

Detalhes da Sentença

Os laudos de exame de corpo de delito confirmaram que houve um ato sexual, mas também revelaram lesões que poderiam ter resultado tanto de uma relação consensual quanto não consensual. A perícia não encontrou danos nas roupas da vítima, o que gerou dúvidas sobre a forma como as peças foram removidas. Além disso, a ausência de lesões no acusado e sinais de violência no carro favoreceu a tese de consentimento.

Nota da Defesa da Miss

O advogado da vítima, Cristiano Lustosa, destacou que a decisão do juiz foi inesperada, uma vez que a acusação apresentou evidências consistentes de que o ato sexual foi forçado. O MP-GO está preparando o recurso para contestar a absolvição e reavaliar a decisão em tribunais superiores.

Conclusão

Enquanto o delegado foi absolvido na decisão de primeira instância, o caso ainda não está encerrado, e o Ministério Público se prepara para buscar uma revisão judicial da absolvição.