
Goianésia - Nos últimos anos, estudos científicos vêm reforçando a conexão direta entre alimentação e saúde mental. Pesquisas indicam que dietas ricas em ultraprocessados, açúcar refinado e gorduras saturadas estão associadas ao aumento de ansiedade, irritabilidade, distúrbios do sono e até quadros depressivos. Em contrapartida, uma alimentação baseada em frutas, verduras, grãos integrais, legumes e proteínas magras favorece a produção de neurotransmissores responsáveis pelo equilíbrio emocional.
A nutricionista Eunália Araujo destaca que o impacto dos alimentos vai além da nutrição física: “Tudo o que comemos influencia diretamente a produção de substâncias como serotonina, dopamina e GABA, que regulam nosso humor, sono e disposição. Uma alimentação pobre em nutrientes pode desorganizar essa produção, agravando sintomas como cansaço, angústia e desmotivação.”
Segundo ela, alguns alimentos específicos podem ser grandes aliados do bem-estar mental: “Fontes de triptofano, como banana, aveia, ovos, grão-de-bico e castanhas, são fundamentais. Eles participam da produção da serotonina, que é conhecida como o ‘hormônio da felicidade’. Além disso, o ômega-3, presente em peixes como salmão e sardinha, também tem efeito anti-inflamatório no cérebro, ajudando a reduzir sintomas depressivos.”
Intestino: o “segundo cérebro”
Um dos temas mais abordados na nutrição atual é o papel do intestino como segundo cérebro. Isso porque cerca de 90% da serotonina é produzida no sistema digestivo, em grande parte pela microbiota intestinal — o conjunto de trilhões de microrganismos que habitam o intestino.
“Uma microbiota saudável depende da ingestão de fibras e alimentos naturais. Verduras, frutas, iogurtes com probióticos e alimentos fermentados alimentam as bactérias boas, que ajudam a modular o sistema nervoso e reduzir inflamações. Quando o intestino está desequilibrado, o impacto emocional pode ser imediato”, afirma Eunália.
Alimentação não substitui tratamento, mas é aliada
Embora seja uma peça-chave para a saúde emocional, a alimentação não substitui acompanhamento psicológico ou psiquiátrico. No entanto, como enfatiza a nutricionista, ela pode potencializar os resultados dos tratamentos clínicos: “Alimentar-se bem é uma forma de autocuidado. Junto a um estilo de vida ativo e boas noites de sono, isso cria um ambiente favorável ao equilíbrio emocional. A alimentação deve ser vista como parte do tratamento e da prevenção.”
Além disso, evitar excessos de cafeína, álcool e açúcares simples pode evitar picos de ansiedade e oscilações de humor. Pequenas mudanças, como comer em horários regulares e mastigar bem os alimentos, também contribuem para a regulação do eixo intestino-cérebro.