Município registrou mais de 2 mil ocorrências em um ano; motociclistas estão entre os mais afetados, com alto índice de ferimentos e mortes

Goianésia - Dados oficiais do Ministério dos Transportes revelam um cenário preocupante no trânsito de Goianésia, entre junho de 2023 e junho de 2024. No período, foram registrados 2.320 acidentes, com 3.129 veículos envolvidos e um total de 3.428 pessoas afetadas, entre feridos e ilesos. A cidade contabilizou 17 mortes, o que representa uma taxa de 20,8 óbitos por 100 mil habitantes, número elevado para municípios de médio porte.

Com uma frota ativa superior a 44 mil veículos e população estimada em 81.728 habitantes, Goianésia apresenta uma taxa de mortalidade de 2,9 mortes a cada 10 mil veículos, considerada acima do ideal.

Motociclistas: os mais vulneráveis

Os dados confirmam que a maioria dos acidentes graves envolve colisões entre carros e motocicletas, reforçando a vulnerabilidade dos condutores de moto no tráfego urbano. Segundo o comandante do 18º Batalhão Bombeiro Militar, Major Dutra, em cada 10 acidentes registrados, sete envolvem motociclistas.

“Isso chama bastante a atenção. Vai desde colisão entre carro e moto, moto com moto, até moto com bicicleta. Diversas naturezas envolvem motociclistas. E é um erro pensar que o motociclista é sempre o culpado. Não podemos generalizar. Mas ele é, sim, a parte mais vulnerável em um acidente”, destaca o comandante.

Ainda de acordo com Dutra, a ausência de proteção física torna os motociclistas mais suscetíveis a ferimentos graves, mesmo em colisões de baixa velocidade. “Enquanto o condutor de carro conta com airbag, cinto de segurança e estrutura do veículo, o motociclista depende basicamente do capacete e da sorte”, reforça.


Falta de empatia e problemas de sinalização
O motociclista Rone Anderson, morador de Goianésia, relata dificuldades diárias nas ruas da cidade. Para ele, a falta de empatia dos motoristas e problemas estruturais são fatores agravantes.

“O trânsito está caótico. Falta respeito. Tem motorista que não dá passagem, que fecha o motociclista. Além disso, tem muita sinalização mal posicionada ou ausente. Em algumas ruas, as pessoas tentam escapar do semáforo e pegam vias paralelas sem qualquer aviso ou faixa visível. Um exemplo é no setor Muniz Falcão”, critica.

Ações da Superintendência de Trânsito

Em resposta ao cenário, o superintendente municipal de trânsito, Lucas Santiago, afirma que o município está adotando novas estratégias para melhorar a segurança viária.

“Goianésia deixou de ser uma cidade pequena. Estamos adaptando nosso sistema de fiscalização. Vamos reforçar a sinalização, realocar controladores de velocidade, repintar faixas e investir em campanhas educativas. A ideia é tornar o trânsito mais visível e seguro para todos”, explica.

Educação e comportamento: a base da mudança

Apesar das ações de infraestrutura e fiscalização, especialistas reforçam que a mudança de comportamento dos condutores é fundamental para reverter o cenário. Atitudes simples como respeitar a sinalização, reduzir a velocidade em cruzamentos, manter a atenção ao tráfego e utilizar equipamentos de segurança podem salvar vidas.

O desafio, segundo autoridades locais, está em promover consciência coletiva, para que motoristas e motociclistas se vejam como companheiros de via, e não como adversários.