o Ceia foi a única equipe da América Latina convidada a apresentar seus projetos diretamente ao CEO da Nvidia, Jensen Huang

Goianésia - Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) têm ganhado projeção nacional e internacional por seu trabalho com inteligência artificial (IA), contribuindo para consolidar o estado como um potencial polo tecnológico no Brasil. A movimentação em torno da IA na região tem se intensificado nos últimos meses, impulsionada por investimentos expressivos, parcerias estratégicas e reconhecimento de grandes empresas do setor.

Um dos marcos recentes foi a chegada, em março, dos primeiros oito supercomputadores de IA da fabricante Nvidia à América Latina – todos instalados em Goiás. O investimento de R$ 40 milhões foi viabilizado com o apoio do Governo de Goiás, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), e da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii).

Os equipamentos, equipados com chips da linha Blackwell B200 – cada um avaliado em cerca de US$ 30 mil – devem começar a operar no segundo semestre deste ano. A expectativa em torno dos supercomputadores é grande, mas o impacto do projeto já é visível graças ao trabalho contínuo do Centro de Excelência em Inteligência Artificial (Ceia), vinculado à UFG desde 2019. O centro reúne atualmente cerca de 800 pesquisadores atuando em projetos com aplicações reais e de alto impacto.

A relevância do grupo foi reconhecida globalmente: o Ceia foi a única equipe da América Latina convidada a apresentar seus projetos diretamente ao CEO da Nvidia, Jensen Huang, durante um evento internacional. Segundo o professor Anderson Soares, coordenador do centro, o diferencial do projeto está na integração entre academia, setor privado e políticas públicas. “A parceria entre universidades, empresas e governos é o que sustenta nosso avanço. O que começou com a UFG e a Fapeg se tornou, hoje, um dos maiores grupos de pesquisa em IA da América Latina”, afirma.

O Ceia foi também o primeiro centro a receber apoio direto de uma política estadual voltada à atração de grandes investimentos em tecnologia. A meta inicial era captar R$ 50 milhões em cinco anos. O resultado superou todas as expectativas: já são R$ 269 milhões arrecadados, com apoio direto a 93 empresas.

As soluções desenvolvidas pelo grupo têm impacto em larga escala, atendendo áreas como finanças, comunicação e tecnologia. Segundo dados da própria UFG, os produtos criados pelos pesquisadores já alcançam mais de 90 milhões de brasileiros.

A inovação também está presente na formação de novos profissionais. Em 2020, a universidade lançou o primeiro curso de bacharelado em inteligência artificial do país. Em 2025, o curso bateu recordes de procura e atingiu a maior nota de corte da instituição, superando inclusive o curso de Medicina. Esse desempenho levou a UFG a ser a primeira universidade brasileira a integrar o programa NVIDIA AI Nation, que oferece suporte técnico e estratégico a governos que buscam implementar políticas públicas voltadas à IA.