O preço dos alimentos continua a pesar no bolso dos brasileiros

Goianésia- O Datafolha realizou uma pesquisa entre os dias 1º e 3 de abril, ouvindo 3.054 pessoas de 16 anos ou mais em 172 municípios. A margem de erro da pesquisa é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos, revelando que um quarto da população brasileira afirma ter menos comida do que o necessário em casa. Para 6 em cada 10 entrevistados, a quantidade de alimentos disponível é suficiente, enquanto 13% relatam ter mais comida do que precisam. Quando comparado com a última pesquisa realizada em março de 2023, não houve variação significativa nesses dados, considerando a margem de erro.

A pesquisa também aponta que o preço dos alimentos continua a pesar no bolso dos brasileiros. O ovo, por exemplo, teve um aumento superior a 15%, sendo o produto com a maior inflação desde o início do Plano Real. O café também apresentou um aumento considerável, com uma alta de quase 11%. Esses aumentos têm sido apontados como uma das principais razões para a baixa popularidade do governo Lula (PT).

Em meio ao cenário de inflação, a pesquisa questionou quais medidas os brasileiros têm adotado para economizar. A principal estratégia foi a redução do consumo de água, luz e gás, adotada por metade da população. Em seguida, 47% dos entrevistados buscaram uma fonte de renda extra. Além disso, 36% disseram ter reduzido a compra de remédios, 32% deixaram de pagar dívidas e 26% cortaram o pagamento de contas domésticas.

A pesquisa também revelou que as ações de economia variam conforme a orientação política dos entrevistados. Quanto mais alinhado ao ex-presidente Jair Bolsonaro o entrevistado, maior o percentual de pessoas que adotaram medidas de economia. Já entre os apoiadores do Partido dos Trabalhadores (PT), essas medidas foram menos frequentes.

O aumento dos preços dos alimentos é um tema central nas críticas ao governo Lula. De acordo com o Datafolha, 54% dos brasileiros acreditam que o governo tem "muita responsabilidade" pela alta dos preços nos últimos meses. Outros 29% atribuem "um pouco de culpa" ao governo atual, enquanto apenas 14% afirmam que o Planalto não tem responsabilidade alguma.

Mesmo eleitores de Lula reconhecem a culpa do governo. Para 72% dos que dizem pretender votar no presidente, ele tem alguma responsabilidade pela alta de preços.

A pesquisa mostra que 29% dos entrevistados fazem uma avaliação positiva do governo Lula, um aumento leve em relação ao mês de dezembro de 2023, quando o percentual era de 24%. No entanto, a reprovação ao governo continua superior, atingindo 38%. Apesar de medidas como a isenção de impostos de importação sobre certos produtos, as ações ainda não geraram efeitos significativos no controle da inflação.

Os entrevistados também foram questionados sobre as razões da alta de preços. Quando indagados sobre a responsabilidade de cinco fatores, o governo Lula, a crise climática, as guerras no mundo, a crise nos Estados Unidos e os produtores rurais. A maioria dos grupos sociais apontou o Planalto como principal culpado. Contudo, entre aqueles com renda domiciliar de até dois salários mínimos, os produtores rurais também são vistos como grandes responsáveis pela situação.